LIÇÃO 5 - A ALMA - A NATUREZA IMATERIAL DO SER HUMANO

 

LIÇÃO 5 - A ALMA - A NATUREZA IMATERIAL DO SER HUMANO

Texto Áureo: “E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.” (Mateus 10.28).

Leitura Bíblica em Classe: Gênesis 1.27,28; 2.15-17; Mateus 10.28.

 

Introdução: Mateus 10.28 - Este versículo estabelece a verdadeira hierarquia de autoridade e poder, contrastando o poder humano limitado com o poder divino absoluto. "Peçamos a Deus para por todas as coisas debaixo dos nossos pés, principalmente as coisas más de nosso coração."

O Valor da Alma: Jesus diferencia a alma do corpo. Isso alinha-se à exegese de Gênesis 1:27, que implica a dimensão imaterial e eterna do ser humano (alma imortal), que é o objeto de maior preocupação de Deus e o objeto do juízo final. O homem é mais do que carne e osso.

Motivação para a Santificação: Se Deus tem poder sobre a alma e o corpo no inferno (o Juízo Final), o temor a Ele torna-se a principal motivação para a pureza de coração. O crente busca o domínio interior não por mera autoajuda, mas por reverência Àquele que tem a autoridade final sobre o seu destino.

A Inversão: O homem, ao temer a perseguição (poder humano), desobedece a Deus (o único com poder total). A verdadeira restauração do domínio interior começa com o reconhecimento da soberania total de Deus sobre a vida e a morte, o tempo e a eternidade.

Conexão com o Domínio de Cristo:

O próprio Jesus, o Filho, viveu este princípio perfeitamente: Ele temeu a Deus, Seu Pai, acima de todas as coisas, o que Lhe deu a força para não temer o sofrimento humano ou a morte na cruz. Seu domínio interior (obediência) garantiu Sua exaltação e o poder de julgar, como Ele mesmo afirma ter neste versículo.

O domínio sobre o coração é a verdadeira batalha da alma. Ele é o campo de testes para a restauração da Imagem de Deus e a base para o cumprimento de qualquer outro mandato.

 

1. Criados à Imagem de Deus — Um Chamado para a Igreja de Hoje”

Gênesis 1.27 — E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. Gênesis 1.28 — E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.

 

O texto destaca que o ser humano não é uma cópia exata de Deus (“não um pequeno Deus”), mas reflete aspectos comunicáveis do Criador: espiritualidade, moralidade, intelecto, vontade e emoção.

Essas características distinguem o homem dos demais seres vivos e o colocam como mediador e administrador da criação, não como seu tirano.

As dimensões da imagem divina no homem:

Ser espiritual – capaz de comunhão com Deus e da imortalidade (v. 26a–b).

Ser moral – com senso de certo e errado, refletindo a santidade divina (v. 27).

Ser intelectual – com capacidade de pensar, planejar e governar (v. 26c; 28–30).

Esses três aspectos juntos mostram o ser humano como um reflexo relacional de Deus — criado para viver em harmonia com o Criador, consigo mesmo, com o próximo e com a natureza.

O domínio humano como autoridade delegada

Deus concede ao homem o direito e dever de governar sobre a criação.

Esse domínio é:

Delegado, não absoluto — o homem governa em nome de Deus e presta contas a Ele.

Racional e ético — requer sabedoria, justiça e cuidado.

Amoroso e protetor — não implica abuso ou exploração, mas mordomia responsável da vida animal e ambiental.

A bênção de Deus (v. 28)

A bênção dada ao homem é mais profunda do que a concedida aos animais (v. 22), pois: O ser humano compreende a bênção e pode responder a ela com gratidão. Ela inclui a capacidade e o mandamento de procriar, mostrando que a sexualidade humana, dentro dos propósitos divinos, é boa e abençoada. A bênção traz poder e responsabilidade: multiplicar-se e governar, sempre debaixo da vontade de Deus.

No Antigo Testamento, “abençoar” envolve:

Deus concedendo favor a quem depende dEle (ato de graça divina).

O homem respondendo com gratidão e louvor (ato de devoção).

Assim, a bênção não é apenas benefício, mas também vocação — o homem é abençoado para ser canal de bênção e cooperador na ordem criacional.

O relato de Gênesis 1:26–28 mostra que o ser humano é:

A coroa da criação, mas não o centro do universo;

Um representante de Deus na Terra, chamado a governar com sabedoria e amor;

Um ser relacional, criado para comunhão e para refletir o caráter de seu Criador.

“Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...”

A igreja deve proclamar, com clareza e coragem, que todo ser humano carrega o valor da imagem de Deus — independentemente de cor, classe, gênero ou cultura. Isso confronta a desvalorização da vida humana (aborto, violência, racismo, exploração). Chama a igreja a defender os vulneráveis, acolher os marginalizados e valorizar a vida como sagrada.  Ser voz profética contra toda forma de desumanização.

“Dominai sobre... toda a terra” (v.28)

Dominar não é destruir, mas administrar com sabedoria. A igreja deve cuidar da criação como expressão de adoração e obediência ao Criador. 

“Frutificai e multiplicai-vos...” (v.28)

A ordem de procriar mostra que a união homem-mulher é parte do plano divino e continua sendo base para a vida e estabilidade da sociedade. A família é uma bênção e um instrumento de Deus para transmitir fé e valores. A igreja deve fortalecer os lares, promover relacionamentos saudáveis e apoiar pais e filhos. Famílias saudáveis refletem o Deus relacional e sustentam uma igreja saudável.

2. A Ordem de Deus imperativa que Fixou Limites ao homem Adão.

Gênesis 2.15 — E tomou o Senhor Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar. Gênesis 2.16 — E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente, Gênesis 2.17 — mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.

Deus deu ao homem uma tarefa

“E tomou o Senhor Deus o homem, e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.” (Gn 2.15)

Duas responsabilidades foram confiadas ao homem:

Cultivar (lavrar):

O verbo hebraico ʿābad significa trabalhar, servir, desenvolver. Pode ser traduzido como cultivar, e no contexto agrícola inclui o ato de arar, preparar, plantar e podar. O homem participa ativamente no desenvolvimento do que Deus criou.

Guardar:

O verbo šāmar significa vigiar, proteger, preservar. O homem não deveria apenas trabalhar, mas proteger o jardim contra qualquer ameaça.

Deus nunca coloca alguém em um lugar sem propósito. Ao dar o jardim, Deus dá também uma missão.

“E ordenou o Senhor Deus ao homem...” (Gn 2.16)

O verbo “ordenou” no hebraico expressa autoridade soberana.

Aqui vemos duas verdades teológicas fundamentais:

Deus é o Senhor soberano.

O homem é criatura e administrador, não dono.

Ao falar diretamente com o homem, Deus estabelece:

o relacionamento, a autoridade e a responsabilidade.

O homem exerce domínio sobre a criação, mas Deus exerce domínio sobre o homem.

Deus estabeleceu limites (v. 17)

“...mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”

Para a proibição, Deus usa o tipo de negativa mais enfática possível:

“Não comerás, de maneira nenhuma.”

O castigo é reforçado pela duplicação verbal:

“morrer, morrerás”

Isso comunica: severidade do comando, irrevogabilidade da pena, responsabilidade pessoal diante de Deus.

A árvore funcionava como: um teste de fidelidade à Palavra de Deus, um limite para o livre-arbítrio do homem,

um lembrete de que o homem não é autônomo, mas dependente do Criador.

Deus estava dizendo: “Você tem liberdade, mas não independência.”

O limite colocado por Deus não diminui a liberdade, protege a vida.

Assim como o jardim precisa de cuidado, o coração humano também precisa ser cultivado e guardado. A bondade de Deus não é desculpa para a preguiça. O homem é chamado a trabalhar, obedecer e vigiar.

E ainda hoje, Deus continua nos dizendo:

Trabalhe o jardim que Eu te dei. Guarde o que Eu confiei às suas mãos. Obedeça aos limites que Eu estabeleci para o seu bem.

A Igreja foi chamada para servir e trabalhar — não para ficar passiva.

“...para o cultivar e o guardar.” (Gn 2.15)

No Éden, antes do pecado, já havia trabalho — e trabalho é bênção. O homem não foi colocado no jardim para ficar ocioso, e a igreja também não foi colocada no mundo para ficar assistindo.

Deus não abençoa comodismo. O Reino exige esforço, dedicação e responsabilidade. Há um “jardim” para cada crente: família, ministério, profissão, talentos. A bondade de Deus não é permissão para a preguiça espiritual. Deus nos dá coisas para administrar — não para possuirmos. A ordem de cultivar e guardar revela que o homem é mordomo, não dono.

Na igreja:

tudo é confiado, nada é possuído. Deus confia: vidas, recursos, dons, oportunidades.

Seguimos o princípio: O que é meu é para servir a Deus, e não Deus para servir ao que é meu. Liberdade existe, mas sempre acompanhada de limites.

“De toda árvore comerás livremente...” (v. 16)

Deus ofereceu abundância e liberdade. Mas estabeleceu um limite:

“...mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, não comerás.” (v. 17)

Lição para a igreja: A verdadeira liberdade está dentro dos limites que Deus estabelece. Quando ultrapassamos os limites, não ganhamos mais liberdade — perdemos vida.

Em um mundo que idolatra autonomia, Deus lembra:

Obediência não aprisiona, protege. A Palavra de Deus é a autoridade final.

Quando Deus “ordenou” (v. 16), Ele afirmou Sua soberania. A queda aconteceu porque o homem substituiu a Palavra de Deus por outra voz.

Lição para a igreja: Onde a Palavra é ignorada, o pecado avança. Onde a Palavra é prioridade, há vida e proteção. A igreja não vive por sentimentos, cultura ou opinião.

Vive pela Escritura.

Desobediência sempre tem consequências.

“...certamente morrerás.” (v. 17)

O texto diz literalmente: “Morrer, morrerás” — morte física, espiritual e relacional. Hoje ainda é assim: Desobediência nunca fica sem colheita. O pecado promete liberdade, mas entrega escravidão. Deus não proíbe para limitar a alegria, mas para preservar a vida.

3. Só Deus tem autoridade absoluta sobre o destino eterno

Mateus 10.28 — E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.

 

Jesus está instruindo Seus discípulos antes de enviá-los em missão (Mateus 10).

Eles enfrentarão: oposição, perseguição, ódio, risco de morte. Jesus não romantiza o discipulado. Ele revela a realidade e dá fundamento para não temer.

Existe um limite para o poder humano

“Os que matam o corpo...”

Homens podem tocar apenas na dimensão física, externa, temporária.

Eles podem: ferir a reputação, tirar bens, destruir o corpo físico. Mas não podem tocar na alma, que é eterna e pertence a Deus. Nenhum poder humano tem autoridade na eternidade.

Só Deus tem autoridade absoluta sobre o destino eterno

“...temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.”

Aqui Jesus não está incentivando terror psicológico, mas reverência e submissão ao Deus soberano. Deus é Criador da alma. Ele é Juiz final. Ele é quem determina o destino eterno.

A expressão “fazer perecer” não significa aniquilação da existência da alma, mas perdição final, separação eterna da vida e da presença de Deus. O temor do Senhor é reconhecer quem Ele é e responder com obediência. A prioridade do discípulo é temer a Deus, não aos homens

O pior que o homem pode fazer (matar o corpo) não se compara ao pior que Deus pode fazer (condenação eterna).

Por isso Jesus diz: “Não temam os homens... temam a Deus.”

Temer a Deus é: ter consciência da santidade divina, valorizar a eternidade acima do presente, obedecer mesmo quando custa algo. A igreja precisa recuperar o temor do Senhor. Temor do Senhor não é medo irracional, mas reverência, submissão e prioridade de Deus em tudo. Onde há temor de Deus, não há medo dos homens. A igreja deve viver com perspectiva eterna. O mundo foca no corpo, no agora. O cristão foca na alma e na eternidade.

O que vale mais: conforto momentâneo ou fidelidade eterna?

O cristão não negocia fé para evitar perseguição. A cultura atual pressiona para silenciar a verdade bíblica.

Mas Jesus deixa claro: obedecer a Deus é mais importante que agradar pessoas.

Sofrimento por Cristo nunca é derrota. O corpo pode sofrer, mas a alma permanece segura em Deus. Podem tirar tudo, menos a presença de Deus e o destino eterno. A pior coisa não é morrer — é morrer sem Deus. A morte física não é o fim. A morte espiritual é a separação eterna do Criador.

O mundo tenta nos intimidar.

Jesus nos liberta do medo. Quem teme a Deus não teme mais nada.

Quando a igreja entende isso, ela se torna: ousada na pregação, firme na perseguição, fiel na santificação.

Que possamos orar como a igreja do livro de Atos: “Senhor, dá-nos coragem para falar a Tua Palavra.”

(Atos 4.29)

 

Pastor Adilson Guilhermel

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