LIÇÃO 04 - O CORPO COMO TEMPLO DO ESPÍRITO SANTO

Texto Áureo: “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1Co 6.19).

Leitura Bíblica em Classe: 1 Coríntios 3.16,17; 6.15-20.

 

Introdução: Muitos, por falta de entendimento, usam o texto de Ageu 2:9 — “A glória da segunda casa será maior do que a da primeira” — aplicando-o a templos físicos, como se Deus estivesse falando de prédios maiores ou mais bonitos. Mas o verdadeiro sentido dessa promessa é espiritual e muito mais profundo. A “primeira casa” foi o templo de Jerusalém, onde a glória de Deus se manifestava de tempos em tempos. Já a “segunda casa” aponta para algo muito maior: o crente salvo em Cristo, que se tornou morada permanente do Espírito Santo. Hoje, Deus não habita em construções de pedra, mas em corações regenerados. A glória que antes enchia o templo agora habita dentro de nós, e por isso, a glória da nova casa — a vida do crente cheio do Espírito — é realmente maior do que a da antiga. Em Cristo, a presença de Deus não vem apenas para visitar, mas para permanecer. Essa é a verdadeira glória da segunda casa: Cristo em nós, a esperança da glória (Cl 1:27). E é justamente sobre essa realidade espiritual que o apóstolo Paulo fala em 1 Coríntios 3:16, quando afirma: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” Assim como a glória de Deus habitava no templo do Antigo Testamento, hoje o Espírito Santo habita em cada crente, unindo todos como um só corpo em Cristo. Essa verdade nos chama à unidade, à santidade e à consciência de que somos o santuário de Deus na Terra.

1. NÓS SOMOS A IGREJA O TEMPLO VIVO DE DEUS.

1 Coríntios 3.16 — Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? 1 Coríntios 3.17 — Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo.

A Igreja não é um prédio, uma denominação ou uma organização humana — é o povo de Deus reunido pela fé em Cristo. Deus não habita em templos feitos por mãos humanas (At 17:24), mas habita em seu povo, pela presença do Espírito Santo. Devemos valorizar mais o ser Igreja do que o frequentar uma igreja. Cada membro é parte essencial da morada de Deus na Terra. A Igreja só é viva e poderosa quando o Espírito Santo está presente e atuante.
Não é a estrutura, a eloquência, nem os programas que sustentam a Igreja, mas a presença do Espírito que dá poder, direção e unidade. As divisões internas — por vaidade, ciúmes, política ou disputas doutrinárias — corroem a santidade e a força espiritual da Igreja. Quando líderes e membros colocam seus próprios interesses acima do amor e da unidade, estão danificando o templo de Deus. A Igreja de hoje deve rejeitar o espírito de partidarismo e cultivar a humildade, o perdão e a comunhão verdadeira. A unidade é mais importante do que as preferências pessoais. O Deus que habita em nós é santo, e Ele exige que seu povo também o seja.
Santidade não é isolamento do mundo, mas dedicação total a Deus — em caráter, adoração e serviço. A Igreja contemporânea deve refletir o caráter santo de Deus em tudo: no comportamento dos líderes, nas decisões, nos relacionamentos e no testemunho público. Quem causa divisão, escândalo ou destrói a comunhão da Igreja está tocando no que é santo. A Igreja precisa ensinar com clareza que dividir é pecado, e que a disciplina e o arrependimento são necessários para preservar o corpo de Cristo. A unidade espiritual é a maior prova da presença de Deus.
Quando o mundo vê uma Igreja amorosa, unida e guiada pelo Espírito, vê o próprio Cristo refletido nela. A Igreja precisa voltar a ser testemunho visível do amor e da presença de Deus no mundo — não apenas pela pregação, mas pelo modo como seus membros se tratam.

2. OS PROBLEMAS MORAIS NA IGREJA DE CORINTO.

1 Coríntios 6.15 — Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo e fá-los-ei membros de uma meretriz? Não, por certo. 1 Coríntios 6.16 — Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz faz-se um corpo com ela? Porque serão, disse, dois numa só carne. 1 Coríntios 6.17 — Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito. 1 Coríntios 6.18 — Fugi da prostituição. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo.

Havia sérios problemas morais na igreja de Corinto. A cidade era um dos principais portos do mundo antigo, localizada em uma rota comercial estratégica entre o mar Egeu e o mar Jônico. Corinto era rica, populosa e cosmopolita, com grande movimentação de comerciantes, marinheiros e trabalhadores, o que favorecia um ambiente de decadência moral e libertinagem.

No alto da acrópole da cidade ficava o templo da deusa grega Afrodite, deusa do amor e da sensualidade.

De acordo com registros históricos, cerca de mil prostitutas sagradas serviam nesse templo. Elas se prostituíam como parte dos rituais religiosos, arrecadando dinheiro “em nome da deusa”.

A prática era tão comum que o verbo “corintianizar” (korinthiazesthai) passou a ser usado na cultura grega como sinônimo de “viver de forma imoral ou dissoluta.”

Infelizmente, essa influência pagã havia alcançado a igreja. Alguns dos novos convertidos, antes acostumados a essa cultura, continuavam frequentando as prostitutas do templo, talvez sob a falsa ideia de que o corpo e o espírito eram independentes — uma crença herdada da filosofia grega dualista.

É nesse contexto que Paulo escreve sua advertência firme: “Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo?... Fugi da prostituição.” (1 Co 6:15,18)

Ele lembra aos coríntios que o corpo do cristão pertence a Cristo e é templo do Espírito Santo, não podendo, portanto, ser usado para o pecado.

A mensagem de Paulo é direta e libertadora: o evangelho não apenas perdoa o passado, mas transforma o presente, chamando o crente a uma nova vida de santidade e pureza diante de Deus.

Cada crente é parte do corpo espiritual de Cristo, do qual Ele é a Cabeça (Ef 1:22-23). Isso significa que o corpo físico do cristão não é algo isolado da vida espiritual, mas um instrumento através do qual o Senhor deseja agir no mundo. O corpo do crente é, portanto, sagrado, pois foi unido a Cristo pela redenção. O cristão não pertence mais a si mesmo; foi comprado por preço (1 Co 6:20) e agora vive para glorificar a Deus até em seu corpo. Enquanto o pensamento grego via o corpo como algo inferior ou até mesmo um obstáculo para a alma — uma prisão da mente — e o pensamento romano o reduzia a um meio de poder, prazer ou domínio, o Novo Testamento eleva a dignidade do corpo humano.

A fé cristã ensina que o corpo faz parte da criação boa de Deus e que, em Cristo, ele é santificado e destinado à ressurreição e glória. O corpo do crente é, assim, membro vivo de Cristo e templo do Espírito Santo. Isso nos lembra que não há espaço para o uso indevido do corpo em práticas impuras, pois tal atitude profana aquilo que pertence ao Senhor.

Nosso corpo foi dado para servir a Cristo, refletir Sua santidade e manifestar Sua presença no mundo. Aqui, ele revela o propósito santo da nossa união com Cristo. O crente foi chamado a uma comunhão espiritual e exclusiva com o Senhor, onde corpo, alma e espírito estão consagrados para glorificá-Lo.
Quando o cristão entende que seu corpo é membro de Cristo, ele reconhece que não pode dispor dele segundo os desejos da carne, mas deve usá-lo como instrumento de justiça e adoração.

O apóstolo afirma uma verdade espiritual imutável: quem se une ao pecado se afasta da comunhão com Cristo, pois entrega a um ato impuro aquilo que pertence ao Senhor. “Mas o que se une ao Senhor é um mesmo espírito com Ele.” A fornicação, portanto, não é apenas um erro moral — é uma violação espiritual, pois compromete a pureza do templo de Deus e fere a comunhão com o Espírito Santo.

A união sexual fora do casamento é uma falsificação da aliança que Deus instituiu. Mas aquele que se une ao Senhor, pela fé e obediência, experimenta a verdadeira união que gera vida, santidade e comunhão permanente com Cristo. Depois de apresentar o contraste entre a união de um homem com uma meretriz e a união espiritual do crente com Cristo, Paulo reforça sua advertência com uma ordem direta: “Fugi da prostituição.” O verbo “fugir” está no imperativo presente no original grego, indicando uma ação contínua e urgente — fugir sempre, sem hesitar. Fugir significa correr do perigo, afastar-se imediatamente da tentação, não permitir que o pecado encontre terreno para crescer. Paulo sabe que a fornicação é um pecado que não se discute, nem se raciocina. Enquanto alguns pecados podem ser combatidos de frente, com resistência e argumentação, a imoralidade sexual exige fuga imediata. A atitude do cristão deve ser como a de José na casa de Potifar: quando a tentação se aproximou, ele correu (Gn 39:12). Essa é a única forma segura de preservar a pureza — retirar-se rápida e decididamente de qualquer situação que leve ao pecado. A razão da advertência de Paulo é clara: o pecado sexual tem um efeito único e devastador sobre a pessoa. “Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo.” (1 Co 6:18) Outros pecados, como o roubo ou o assassinato, são praticados por meio do corpo, mas a fornicação atinge o corpo como o próprio centro do pecado.

Ela fere a dignidade humana, macula o templo do Espírito Santo e corrompe o propósito sagrado do corpo, que foi criado para a glória de Deus. Na fornicação, a pessoa se reduz à condição puramente carnal, desprezando o valor espiritual de sua própria vida. A prostituta, por exemplo, nega seu valor intrínseco ao colocar preço em seu corpo e vendê-lo como mercadoria — mas, em troca, perde mais do que ganha, porque nada pode compensar a perda da pureza e da honra.

Da mesma forma, o homem que participa desse ato rebaixa sua dignidade, tratando o corpo, que pertence a Cristo, como algo descartável.

Paulo mostra que a imoralidade sexual destrói por dentro.

Enquanto outros pecados ferem de fora, a fornicação mutila a alma, desafia a santidade de Deus, degrada o próximo e corrompe a própria pessoa que a pratica.

É um pecado que apaga a sensibilidade espiritual e endurece o coração, rompendo a comunhão com Cristo e ofendendo o Espírito que habita em nós.

3. O CORPO DO CRISTÃO COMO UM SANTUÁRIO.

1 Coríntios 6.19 — Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? 1 Coríntios 6.20 — Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.

Existem várias maneiras de uma pessoa enxergar o seu próprio corpo. Ela pode mimá-lo e idolatrá-lo, transformando-o em um objeto de vaidade. Pode desprezá-lo, vendo-o com vergonha ou repulsa. Pode usá-lo como uma máquina de trabalho, reduzindo sua existência à produtividade. Pode vê-lo como uma arma de poder, usando-o para dominar ou impressionar os outros. Ou ainda pode dedicá-lo aos prazeres carnais, transformando-o em um instrumento de vício e degradação.

E João explica: “Ele falava do templo do seu corpo.” (João 2:19–21)

Da mesma forma, Paulo já havia chamado a igreja como corpo coletivo de Cristo de “templo de Deus” (1 Co 3:16). Agora, ele aplica essa imagem ao crente individual, mostrando que cada discípulo é uma morada viva do Espírito.

Quando o Espírito Santo habita no corpo, este deixa de pertencer ao homem. Por isso, Paulo afirma: “Não sois de vós mesmos.”

O cristão foi comprado por preço, resgatado pelo sangue de Cristo, e, portanto, pertence a Deus em corpo e espírito.

É como se tivesse assinado uma entrega total de posse ao Senhor — uma transação espiritual definitiva. A palavra significa um pagamento que resulta em uma mudança de proprietário.

O Espírito Santo é uma dádiva que Jesus enviou para estar em nós e não pode habitar em um santuário impuro. Por isso, o crente é chamado a manter seu corpo santo, separado do pecado e consagrado à glória de Deus. A pureza não é apenas uma escolha ética, mas uma exigência da presença divina que habita em nós.

Depois de advertir os crentes contra a imoralidade e de lembrá-los que seus corpos pertencem a Cristo, Paulo encerra com uma nota positiva e transformadora: “Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo.”

A pureza cristã não se resume somente a evitar o pecado, mas também a viver de modo que cada parte do nosso ser reflita a glória de Deus.

Manter o corpo afastado da imoralidade é essencial, mas isso não deve nascer apenas de uma obediência fria ou de um legalismo negativo.

Antes, deve fluir de um coração cheio de gratidão e devoção, consciente de que fomos comprados por um alto preço — o sangue precioso de Cristo.

Glorificar a Deus no corpo é reconhecer que ele é instrumento de serviço e adoração, e não de prazer egoísta.

É usar cada gesto, palavra e atitude como expressão de louvor Àquele que nos redimiu.

E Paulo amplia esse princípio ao dizer que também devemos glorificar a Deus no espírito, pois tanto o corpo quanto o espírito pertencem a Ele.

Assim, o cristão é chamado a viver em inteira consagração: em ato, motivo, conduta e intenção, tudo deve apontar para o Senhor. Essa é a mais alta vocação da vida cristã — refletir a glória de Deus em tudo o que somos e fazemos.

 

“Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente.” (Rm 11:36) 

 

Pastor Adilson Guilhermel. Th.M 


 


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