Texto Áureo: “Respondeu, então, Pedro: Pode alguém, porventura, recusar a água, para que não sejam batizados estes que também receberam, como nós, o Espírito Santo?” (At 10.47).
Leitura Bíblica em Classe: Atos 10.1-8,21-23,44-48.
Introdução: Esse trecho destaca um momento
decisivo no Livro de Atos: a chamada de Cornélio, narrada em Atos 10. Até
então, a pregação do evangelho tinha alcançado essencialmente os judeus. Mas,
com Cornélio um centurião romano, gentil, temente a Deus e respeitado ocorre a
primeira conversão registrada de um não judeu.
A iniciativa divina: Não foi
Cornélio quem simplesmente decidiu buscar Pedro; foi o próprio Deus que, por
meio de uma visão, direcionou tanto Cornélio quanto Pedro. Isso mostra que a
expansão da igreja não era humana, mas conduzida pelo Espírito Santo.
Quebra de barreiras: Para os
judeus, relacionar-se com gentios significava impureza. A visão de Pedro
(lençol com animais considerados impuros) simbolizou que Deus não fazia mais
distinção entre judeus e não judeus para a salvação.
Universalidade do evangelho: A
conversão de Cornélio é um marco histórico, pois abre caminho para que o
evangelho se torne verdadeiramente universal, cumprindo a promessa de Jesus em
Atos 1:8 “até os confins da terra”.
Centralidade de Cristo: O
progresso da igreja não estava baseado em estratégias humanas, mas na
proclamação do Cristo crucificado e ressuscitado, que agora se tornava
esperança também para as nações.
Esse episódio não apenas
transformou a vida de Cornélio e sua casa, mas também revolucionou a
compreensão da própria igreja: Deus estava formando um único povo, sem
distinção de etnia, cultura ou tradição.
1.
A oração, generosidade e visão, abre o caminho preparado pelo Senhor Deus.
Atos 10.1 - E havia em Cesareia
um varão por nome Cornélio, centurião da coorte chamada Italiana, Atos 10.2 -
piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao
povo e, de contínuo, orava a Deus. Atos 10.3 - Este, quase à hora nona do dia,
viu claramente numa visão um anjo de Deus, que se dirigia para ele e dizia:
Cornélio! Atos 10.4 - Este, fixando os olhos nele e muito atemorizado, disse:
Que é, Senhor? E o anjo lhe disse: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido
para memória diante de Deus. Atos 10.5 - Agora, pois, envia homens a Jope e
manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro. Atos 10.6 - Este está com um
certo Simão, curtidor, que tem a sua casa junto do mar. Ele te dirá o que deves
fazer. Atos 10.7 - E, retirando-se o anjo que lhe falava, chamou dois dos seus
criados e a um piedoso soldado dos que estavam ao seu serviço. Atos 10.8 - E,
havendo-lhes contado tudo, os enviou a Jope.
Temos aqui uma descrição extremamente
detalhada que capta perfeitamente a profundidade e a complexidade do momento
que antecede a conversão de Cornélio. Esse cenário mostra de forma magistral, como
Deus orquestrou cada detalhe para quebrar as barreiras religiosas e culturais.
Aqui vemos a preparação Divina
de um Gentio com a análise do caráter de Cornélio que é fundamental para
entender o porquê de ele ser o instrumento escolhido por Deus para esta fase da
igreja. Ele não era um gentio pagão comum. Sua busca por uma fé pura e sua
adoção de práticas judaicas, como oração e doação de esmolas, mostram que ele
era um "temente a Deus". Ele era um buscador sincero, com o coração
já preparado para receber a luz completa do Evangelho. O fato de que Deus
enviou um anjo diretamente a ele é a prova da soberania divina: a salvação não
é limitada por fronteiras ou por tradições humanas.
Enquanto Deus preparava
Cornélio, Ele também estava preparando Pedro. Esta dupla ação é a parte mais
fascinante da história. A visão que Pedro teve no telhado de Jope foi um
desafio direto a tudo o que ele havia sido ensinado. A ordem para matar e comer
animais considerados imundos era uma metáfora para a quebra das barreiras entre
judeus e gentios.
Essa visão foi um choque para
Pedro, que inicialmente resistiu. A repetição da ordem divina ("Não chames
comum ao que Deus purificou") foi necessária para que ele, um judeu
tradicional, compreendesse a nova e ampla concepção do propósito de Deus: o
Evangelho não se restringe a uma etnia ou a um conjunto de leis. Ele é para
todas as pessoas, e os gentios agora seriam considerados "limpos" e
dignos de entrar na família de Deus.
A conversão de Cornélio,
portanto, foi o resultado de uma preparação mútua, onde Deus, soberanamente,
preparou um gentil para a fé e um judeu para a missão.
2.
Quando Deus nos faz descer passos de obediência abrem portas para a missão.
Atos 10.21 - E, descendo Pedro
para junto dos varões que lhe foram enviados por Cornélio, disse: Sou eu a quem
procurais; qual é a causa por que estais aqui? Atos 10.22 - E eles disseram:
Cornélio, o centurião, varão justo e temente a Deus e que tem bom testemunho de
toda a nação dos judeus, foi avisado por um santo anjo para que te chamasse a
sua casa e ouvisse as tuas palavras. Atos 10.23 - Então, chamando-os para
dentro, os recebeu em casa. No dia seguinte, foi Pedro com eles, e foram com
ele alguns irmãos de Jope.
Pedro não tinha disposição
natural para pregar aos gentios.
Na mentalidade judaica, os
gentios eram impuros, indignos da aliança e, portanto, excluídos da salvação.
Mesmo após andar com Jesus, Pedro ainda carregava essa barreira cultural e
religiosa. Por isso, Deus precisou agir de forma direta e extraordinária: Visão
do lençol com animais (Atos 10:9–16): Pedro vê animais considerados impuros
pela Lei, mas Deus lhe diz: “Não chame impuro ao que Deus purificou”. Isso foi
uma lição viva para quebrar o preconceito religioso.
O anjo enviado a Cornélio (Atos
10:3–6): Cornélio recebe a ordem de chamar Pedro. Isso mostra que Deus estava
coordenando ambos os lados da história.
O Espírito Santo como selo
(Atos 10:44–46): Mesmo antes de Pedro terminar a pregação, o Espírito Santo
desceu sobre os gentios provando de
forma incontestável que Deus os aceitava.
Ou seja, Pedro foi “forçado”
pelo agir soberano de Deus a obedecer, não porque tinha vontade, mas porque
Deus estava mostrando que Seu plano de salvação incluía todas as nações.
Isso nos ensina pelo menos duas
coisas: Muitas vezes, nós também temos
resistências internas, preconceitos, tradições, limitações que só são quebradas
pela ação do Espírito Santo.
A missão de Deus é maior do que
as barreiras humanas; quando Ele decide abrir uma porta, ninguém pode fechá-la.
Esse episódio mostra a transição da igreja de uma fé “restrita a Israel” para uma fé universal em Cristo.
3.
Quando o Espírito Santo desce sobre os gentios as barreiras são todas
quebradas.
Atos 10.44 - E, dizendo Pedro
ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a
palavra. Atos 10.45 - E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham
vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse
também sobre os gentios. Atos 10.46 - Porque os ouviam falar em línguas e
magnificar a Deus. Atos 10.47 - Respondeu, então, Pedro: Pode alguém,
porventura, recusar a água, para que não sejam batizados estes que também
receberam, como nós, o Espírito Santo? Atos 10.48 - E mandou que fossem
batizados em nome do Senhor. Então, rogaram-lhe que ficasse com eles por alguns
dias.
A narrativa chega ao clímax:
enquanto Pedro ainda falava, “o Espírito Santo caiu sobre todos os que ouviam a
palavra” (At 10.44). Esse detalhe é precioso, pois revela que não foi a
eloquência do apóstolo nem a conclusão de um discurso cuidadosamente estruturado
que produziu a conversão. O próprio Deus tomou a iniciativa, selando com seu
Espírito aqueles que criam.
É como se o Espírito Santo
dissesse a Pedro: “Você já explicou o essencial, agora deixe que Eu mesmo
confirme a obra”. O apóstolo foi literalmente posto de lado, mostrando que o
protagonista da missão não é o pregador, mas o Espírito.
A cena deve ter sido marcada
por profunda manifestação espiritual: os ouvintes começaram a falar em línguas
e a exaltar a Deus, de forma semelhante ao que havia acontecido em Pentecostes
(At 2). Foi o sinal incontestável de que a salvação e a promessa do Espírito
não eram exclusividade dos judeus. Aquele vento celestial, que em Jerusalém
movera os discípulos como uma seara agitada pela brisa, agora soprava também sobre
os gentios em Cesareia.
Esse agir imediato e poderoso
teve três implicações claras: Confirmação divina: Não havia como negar, o mesmo
Espírito que se derramara sobre os judeus estava agora sobre os gentios.
Houve quebra de preconceitos:
Pedro e os judeus que o acompanhavam ficaram maravilhados, pois perceberam que
Deus não fazia acepção de pessoas.
Integração na igreja: O batismo
nas águas, realizado logo em seguida (At 10.47–48), selou visivelmente a
inclusão de Cornélio e sua casa na comunidade cristã.
A obra é do Espírito, não
nossa: Muitas vezes nos esforçamos para planejar, organizar e até controlar o
culto. Mas aqui vemos que o Espírito Santo é livre para agir, e quando Ele se
move, pode interromper até o sermão mais bem preparado.
O vento celestial ainda sopra:
Assim como no passado, em nossas congregações o Espírito continua a mover
corações, trazendo quebrantamento, louvor espontâneo e transformação de vida.
Deus surpreende a igreja: Pedro
não esperava que os gentios recebessem o Espírito de forma tão plena, mas Deus
mostrou que Seu plano é sempre maior do que nossas expectativas.
O derramamento do Espírito em
Cesareia mostra que Deus não se prende a formalidades humanas. Ele age
soberanamente, no tempo certo, sobre aqueles que crêem. O mesmo vento que moveu
Jerusalém e Cesareia continua soprando hoje, lembrando-nos de que a obra não é
nossa, mas do Espírito Santo.
Pastor Adilson Guilhermel