LIÇÃO 07 - OS PENSAMENTOS - A ARENA DE BATALHA NA VIDA CRISTÃ
Texto Áureo: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” (Fp 4.8)
Leitura Bíblica em Classe: Filipenses 4.8,9; 2 Coríntios 10.3-5.
Introdução: A presença do Senhor é um dos maiores privilégios do cristão. Ele não está distante nem indiferente, mas sempre perto, atento a cada detalhe da nossa vida. Por isso, somos chamados a viver diariamente conscientes dessa proximidade amorosa. Diante de qualquer inquietação, preocupação ou angústia, podemos e devemos entregar tudo aos cuidados infinitos do nosso Pai. Ele nos convida a descansar, a soltar o peso que tentamos carregar sozinhos e a confiar plenamente em Sua fidelidade.
Quando apresentamos nossas súplicas diante dEle, acompanhadas de ações de graças, lembramos que Deus já foi fiel no passado, fiel no presente e continuará sendo no futuro. A gratidão abre nossos olhos para aquilo que Ele já fez e fortalece nossa fé para crer no que ainda fará.
À medida que permanecemos nessa atitude de oração e confiança, a paz de Deus, uma paz que não depende das circunstâncias desce suavemente sobre nós. Essa paz não apenas nos visita, mas se coloca como um soldado de guarda, vigiando e protegendo o nosso coração e nossa mente contra a ansiedade, o medo e a dúvida.
Contudo, essa experiência da paz de Deus é profundamente ligada ao fato de possuirmos o Deus da paz. Não basta buscar a sensação de tranquilidade; precisamos do próprio Senhor como fundamento da nossa vida. E Ele nos chama a cooperar com Sua obra em nós, escolhendo deliberadamente encher nossa mente com aquilo que é verdadeiro, digno, justo, puro, amável e de boa fama. Tudo o que reflete o caráter de Cristo deve ocupar nosso pensamento.
Assim, quando ajustamos o foco da nossa mente ao padrão de Deus, experimentamos não apenas a paz que Ele dá, mas a presença constante daquele que é a própria fonte de toda paz.
1. PENSAMENTOS: O PONTO DE CONFRONTO DA ALMA.
Filipenses 4.8 — Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. Filipenses 4.9 — O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco.
Paulo conclui no vs. 8 dizendo: “nisso pensai”, ou seja, chamando os crentes a um exame interior contínuo. Ele mostra que a vida cristã não é passiva: Deus dá a paz, mas nós devemos cultivar virtudes espirituais e direcionar a mente para o que agrada a Deus.
O apóstolo Paulo introduz uma lista de virtudes que fazem parte do fruto do Espírito. Paulo ensina que essas virtudes devem ocupar nossos pensamentos e influenciar nossa conduta diária.
As virtudes listadas são:
1. Verdadeiro – Aquilo que reflete o caráter de Deus; tudo o que é sincero, real e sem falsidade.
2. Respeitável (honroso) – Algo digno de reverência, que inspira respeito e dignidade cristã.
3. Justo – Aquilo que é correto diante de Deus, dos outros e de nós mesmos.
4. Puro – Motivos e ações livres de impureza moral; integridade e santidade.
5. Amável – Aquilo que atrai por sua bondade e beleza de caráter.
6. De boa fama – Algo que “soa bem”, que é recomendável e edificante.
7. Alguma virtude – Excelência moral em qualquer aspecto.
8. Louvor – Tudo o que é digno de aprovação diante de Deus.
Que essas coisas sejam o conteúdo dos nossos pensamentos e a base do nosso comportamento.
Ele nos chama a substituir pensamentos vazios, tais como: sensualidade, orgulho, ambição e fama, por aquilo que edifica e alimenta a alma.
O que ocupa nossa mente determina nossa vida espiritual. Pensamentos impuros e mundanos enfraquecem o caráter; pensamentos alinhados à verdade o fortalecem.
Deus dá paz, mas exige disciplina mental. A paz é dom de Deus, mas manter a mente saudável é responsabilidade humana. Santidade começa no pensamento.
Antes de pecarmos com ações, pecamos na imaginação. Cristãos não vivem por impulsos, mas por escolhas conscientes.
Paulo ensina: escolha o que pensar. Não basta evitar o mal; é preciso ocupar-se com o bem. A mente ociosa sempre será preenchida por aquilo que o mundo oferece.
Caráter cristão não nasce do acaso, mas do cultivo diário.
Virtudes são frutos; exigem tempo, cuidado e perseverança.
Paulo afirma que os crentes devem praticar tudo aquilo que aprenderam, receberam, ouviram e viram nele. Seguir o exemplo de Paulo era seguir o exemplo de Cristo, porque Paulo não apenas ensinava a verdade, ele vivia a verdade. Por isso, nenhum cristão poderia alegar desconhecimento das exigências morais do evangelho.
O ensino vinha tanto por palavra quanto por exemplo. A vida de Paulo era uma ilustração prática do evangelho. O apóstolo incentiva os crentes a usar os meios do crescimento espiritual: oração, meditação, disciplina da mente, prática do amor, bons atos e uso dos dons espirituais. O foco não é apenas pensar nessas coisas, mas praticá-las diariamente. Como resultado dessa prática, Paulo assegura: “E o Deus da paz será convosco.” Aqui, paz não é apenas tranquilidade emocional, mas paz interior fundamentada na reconciliação com Deus e com o próximo.
2. PENSAMENTOS: PORTA PARA A PAZ OU PARA A GUERRA.
2 Coríntios 10.3 — Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. 2 Coríntios 10.4 — Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas;
Essas palavras de Paulo chegam até nós como um bálsamo para os dias em que somos atingidos pela tempestade dura e fria da crítica injusta. É reconfortante lembrar que o grande apóstolo também caminhou por essa estrada íngreme, marcada por acusações, mal-entendidos e desprezo. Mesmo sendo um instrumento escolhido por Deus, ele enfrentou vozes que tentavam diminuir sua autoridade, distorcer sua mensagem e atacar seu caráter.
A reação natural seria defender-se com rigor, responder na mesma moeda ou tentar provar aos outros o seu valor. Mas Paulo nos lembra que a batalha não se vence com armas humanas: porque a nossa força está em Deus, e a Ele pertence o direito de justificar, proteger e exaltar seus filhos no tempo certo.
Se nos sentirmos feridos por palavras injustas, por juízos precipitados ou por ataques que não refletem o que realmente somos, animemo-nos. Nós não estamos só. Paulo já esteve nesse lugar, e o Senhor o sustentou. Da mesma forma, Ele sustenta a todos os que perseveram militando em prol do reino de Deus.
Por isso, devemos entregar ao Senhor toda censura, toda calúnia, toda palavra lançada contra nós. Deixe que Ele seja nosso escudo. O Deus que tudo vê e tudo sabe é também o Deus que nos defende. Ele mesmo assumirá a nossa causa, e as línguas que se levantaram serão silenciadas. A promessa de Deus ecoa como uma muralha ao redor de todos que confiam nele.
“Toda arma forjada contra ti não prosperará;
e toda língua que ousar contra ti em juízo, tu a condenarás.”
Descansemos nessa verdade. O Senhor é nossa defesa, a nossa fortaleza e o nosso juiz justo. Ele cuida de cada um de nós.
3. PENSAMENTOS: LIVRES DA ALTIVEZ E SUJEITOS A DEUS
2 Coríntios 10.5 — destruindo os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo.
Nos tempos antigos, a maioria das fortalezas era construída em locais altos — colinas, montes ou elevações estratégicas. Isso tornava o combate muito mais difícil, pois quem atacava se encontrava em desvantagem. Quando Paulo menciona “altivez”, ele está usando exatamente essa imagem: ideias, doutrinas e atitudes humanas que se erguem como fortalezas elevadas, difíceis de derrubar, e que se opõem à verdade de Deus. Essas “altivezes” são coisas que o homem exalta, mas que na realidade se levantam contra o conhecimento de Deus. Em vez de aproximar o ser humano do Senhor, tornam-se barreiras na vida cristã, impedindo o crescimento espiritual e a obediência plena a Cristo. Contudo, Paulo afirma que as armas espirituais: fé, esperança, amor, oração e a Palavra de Deus, são poderosas em Deus para derrubar essas fortalezas altivas.
Quando essas armas atuam: O conhecimento de Deus avança; a verdade flui livremente; a esperança em Cristo cresce; e a majestade do Senhor é revelada entre os homens.
Os falsos apóstolos em Corinto, porém, resistiam às doutrinas verdadeiras. Ao fazê-lo, faziam-se inimigos do conhecimento de Deus, pois atacavam a posição, a dignidade e a revelação de Cristo. Aquele por quem todo conhecimento de Deus chega até nós.
Paulo continua mostrando que essa batalha espiritual não ocorre apenas no campo doutrinário coletivo, mas também na vida individual.
Esses “pensamentos” podem ser: coletivos, como ideias compartilhadas por um grupo e formadoras de sistemas doutrinários, ou pessoais, como crenças particulares e pensamentos íntimos que distorcem a verdade ou desonram a Cristo. Maus pensamentos estão inclusos, pois toda ação nasce primeiramente no pensamento. Assim como o homem pensa, assim ele age. Portanto, pensamentos desordenados levam a comportamentos desordenados; pensamentos rebeldes conduzem a ações rebeldes. Se o conhecimento não conduz à obediência, ele é inútil e até perigoso. É na obediência que somos transformados segundo a imagem moral de Cristo, e somente através dessa transformação moral alcançamos sua imagem eterna. Não há transformação sem obediência e por isso este versículo é tão crucial: nosso destino eterno está ligado à sujeição de nossos pensamentos a Cristo. À medida que toda oposição interior é colocada sob a autoridade de Cristo, nós mesmos nos tornamos obedientes.
Se Cristo governa os pensamentos, Ele também governará as atitudes, as palavras, os desejos e o comportamento.
Assim, a verdadeira batalha espiritual começa na mente e, a verdadeira vitória espiritual também.
A verdadeira batalha espiritual não acontece primeiramente nos ambientes externos, mas no território invisível da mente. Em 2 Coríntios 10.5, Paulo revela que existem pensamentos, ideias, crenças e atitudes que se erguem como fortalezas altivas, resistindo ao governo de Deus. Porém, as armas espirituais que o Senhor nos deu são poderosas para derrubar essas estruturas, pois não vêm da carne, mas do próprio Espírito.
Levar todo pensamento cativo à obediência de Cristo é mais do que um ato intelectual: é submeter a vida inteira ao senhorio dEle. Será obediente todo pensamento que exaltar Cristo, honrar a sua Palavra e promover a transformação do nosso caráter segundo a sua imagem. Será rebelde todo pensamento que obscurecer a verdade, promover a altivez humana ou afastar a alma do conhecimento de Deus.
Por isso, a mente que se entrega a Cristo torna-se o lugar da verdadeira liberdade. Quando Cristo reina nos pensamentos, Ele reina nas ações. Quando Ele conquista a mente, conquista a vida. A vitória espiritual começa onde ninguém vê; que é no íntimo, mas seus frutos aparecem em toda a conduta. Assim, somos chamados a vigiar, discernir e, sobretudo, a permitir que a Palavra e o Espírito façam em nós o que só eles podem fazer: transformar-nos pela renovação da mente, para que tudo em nós esteja cativo, submisso e obediente a Cristo.
Pastor Adilson Guilhermel
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