Lição 07 - UMA IGREJA QUE NÃO TEME A PERSEGUIÇÃO
Texto Áureo: Atos 5.29 Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que ao homem, querendo apresentá-lo ao povo depois da páscoa.
Leitura Bíblica em Classe: Atos 5.25-32; 12.1-5
Introdução: “Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro do que a vós me odiou a mim” (João 15:18) “Sereis odiados de todos por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mateus 10:22).
Jesus disse que haveria perseguição por causa do seu nome na pregação do Evangelho e assim como Ele disse estava já acontecendo logo após o pentecoste. Se você está sofrendo perseguições, por mais rigorosas que sejam continue e creia na proteção divina, pois o Senhor deu essa garantia. Creia que as portas se abrirão como que por mãos invisíveis. Nada pode obstar os propósitos de Deus. Lance mão da liberdade que Deus lhe dá para sair e falar a outros. O evangelho é uma mensagem para as pessoas. Preguemos às multidões famintas e necessitadas. Os filósofos, os cientistas, os sábios e prudentes da época podem zombar, mas as pessoas reconhecem a mensagem do evangelho assim que a ouvem.
A história dos apóstolos, presos e depois libertados por um anjo, é um lembrete do cuidado e da soberania de Deus. Mesmo diante da perseguição mais intensa, as portas se abriram de forma milagrosa. Isso nos encoraja a confiar que Deus está no controle, e que Seu propósito prevalecerá, não importa os obstáculos.
A liberdade que Deus nos dá é para que possamos cumprir a missão de compartilhar o evangelho. Esta é uma mensagem de que o evangelho é para as pessoas, e não apenas para o debate com "filósofos e cientistas", é um ponto crucial. O coração das pessoas reconhece a verdade e a esperança do evangelho de uma forma que a razão pura muitas vezes não consegue.
É um convite para sairmos e falarmos com as "multidões famintas e necessitadas" que buscam um sentido maior para suas vidas, um convite para sermos instrumentos da liberdade que o evangelho oferece.
A oposição que os apóstolos enfrentaram, mencionada em Atos, não os intimidou. Pelo contrário, após serem milagrosamente libertados da prisão, eles voltaram ao mesmo lugar, o Templo, para continuar a pregar. Isso demonstra uma convicção inabalável e uma total confiança no propósito de Deus. A ação deles serve de exemplo de coragem e de que a mensagem do Evangelho não pode ser contida por ameaças ou prisões. A popularidade crescente do movimento cristão, a que você se refere, mostra que a verdade ressoa com as pessoas, mesmo sob a mais intensa perseguição.
1. A AUDACIA E A FÉ INABALÁVEL DOS APÓSTOLOS.
Atos 5.²⁵ E, chegando um, anunciou-lhes, dizendo: Eis que os homens que encerrastes na prisão estão em pé no templo e ensinam ao povo.
Atos 5.²⁶ Então foi o capitão com os servidores, e os trouxe, não com violência (porque temiam ser apedrejados pelo povo).
Os líderes religiosos estavam deliberando sobre como lidar com a "ameaça" dos apóstolos, e de repente descobrem que os mesmos homens que tinham fugido de forma milagrosa voltaram ao lugar onde haviam sido presos para fazer a mesma coisa que os levou à prisão. Isso mostra uma confiança absoluta em Deus e no poder da mensagem que estavam pregando.
O medo dos líderes em causar um tumulto entre o povo, que admirava os apóstolos, demonstra a popularidade e o impacto do Evangelho na vida das pessoas comuns. Podemos observar de que a mesma preocupação já tinha sido manifestada durante a prisão de Jesus, mostrando um padrão de comportamento das autoridades da época em relação aos mensageiros de Deus. Isso reforça a idéia de que a verdade, mesmo que perseguida, tem um poder que as autoridades não conseguem controlar.
2. O CONFRONTO DE DUAS QUESTÕES CRUCIAIS.
Atos 5.²⁷ E, trazendo-os, os apresentaram ao conselho. E o sumo sacerdote os interrogou, Atos 5.²⁸ Dizendo: Não vos admoestamos nós expressamente que não ensinásseis nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina, e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem.
Aqui destaca-se o cerne da tensão entre os apóstolos e o conselho judaico. Podemos observar que Caifás evitou mencionar o nome de Jesus. Ele se referiu a "esse nome" de forma indireta, demonstrando uma aversão tão grande que nem mesmo ousava pronunciá-lo. Essa atitude mostra o quanto eles se sentiam ameaçados pelo poder e pela autoridade que o nome de Jesus representava. A irritação de Caifás evidencia os dois principais problemas que os líderes religiosos enfrentavam. Eles queriam silenciar os apóstolos porque o poder do nome de Jesus estava causando um grande impacto no povo. O evangelho estava se espalhando rapidamente e ameaçava a autoridade deles.
A pregação dos apóstolos não era apenas sobre a ressurreição, mas também sobre a responsabilidade dos líderes religiosos na crucificação. Essa acusação direta era uma ameaça à reputação e ao poder deles, e eles queriam que os apóstolos parassem de culpá-los pela morte de Cristo.
Como se nota, esses dois pontos se tornam o foco da resposta de Pedro, que se recusa a se calar e reafirma a autoridade de Jesus e a culpa dos líderes, mostrando uma coragem inabalável diante da opressão. Isso ressalta a importância de permanecer fiel à verdade, mesmo quando as circunstâncias são difíceis.
3. A PRIORIDADE DA OBEDIÊNCIA A DEUS.
Atos 5.²⁹ Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.
“Importa obedecer a Deus antes que aos homens”) é o princípio bíblico mais amplo. Essa declaração de Pedro é, de fato, um dos pilares da fé cristã, mostrando a hierarquia de autoridade que os crentes devem seguir.
A obediência às autoridades civis é um mandamento bíblico, mas ela tem um limite claro. Quando a exigência da autoridade humana entra em conflito direto com um mandamento divino, a obediência a Deus deve sempre prevalecer.
Os apóstolos se encontravam exatamente nessa encruzilhada. Eles tinham uma ordem direta de Deus para pregar o Evangelho. Silenciar-se seria pecar contra essa ordem. A atitude deles não foi de rebeldia sem causa, mas de fidelidade a um chamado superior. Eles reconheciam que Deus é a autoridade máxima e a corte mais elevada do universo, e que a lealdade a Ele supera qualquer lei ou decreto humano.
4. NÃO HESITOU EM COLOCAR A CULPA NOS LÍDERES
Atos 5.³⁰ O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro.
Ao usar a expressão "o Deus de nossos pais", Pedro não apenas se conecta à herança judaica do conselho, mas também faz uma ligação poderosa entre o passado e o presente.
Ele evoca a memória dos milagres do Antigo Testamento, como a abertura do Mar Vermelho, e os usa como uma base para o maior milagre de todos: a ressurreição de Jesus. Essa tática é brilhante, pois ele apela àquilo que os líderes religiosos conheciam e respeitavam, para então confrontá-los com a realidade de que o mesmo Deus que agiu no passado estava agindo novamente, de forma ainda mais poderosa, por meio de Jesus.
A repetição da acusação "a quem vós matastes" em contraste com a frase "Deus o ressuscitou" é o ponto alto do discurso. Pedro não hesitou em expor a culpa dos líderes, ao mesmo tempo em que proclamava a vitória de Deus sobre a morte.
Observemos que o nome de Jesus, o qual Caifás se recusava a pronunciar, era o centro de toda a pregação, demonstra a força da mensagem e a impotência dos líderes em tentar silenciá-la. É uma prova da vitória da fé sobre a perseguição.
5. A OPORTUNIDADE DE ARREPENDIMENTO E PERDÃO.
Atos 5.³¹ Deus com a sua destra o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados.
A elevação de Jesus à destra de Deus não é apenas um sinal de honra, mas a confirmação de Sua autoridade suprema sobre tudo. O ponto crucial aqui destacado é a oferta de salvação. Apesar de terem crucificado o Salvador, as mesmas pessoas receberam uma oportunidade de se arrependerem e de terem seus pecados perdoados. Isso demonstra a profundidade da misericórdia de Deus. A morte de Cristo, que parecia ser o fim, se tornou a porta para o perdão e a reconciliação, acessível a todos. Essa passagem é um lembrete poderoso de que a graça de Deus está disponível mesmo para aqueles que cometeram os maiores erros. O perdão não é reservado apenas para os "justos", mas é oferecido àqueles que se arrependem e crêem no Cristo crucificado e ressuscitado.
6. O TESTEMUNHO DOS APÓSTOLOS DIANTE DO CONSELHO.
Atos 5.³² E nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem.
Pedro ao afirmar que eles eram testemunhas acerca destas palavras, não estava apenas repetindo uma história; ele estava atestando uma experiência pessoal e direta, algo que eles haviam visto e vivenciado. A sua menção ao Cristo ressuscitado e ao Cristo exaltado eleva o testemunho do plano terreno para o divino.
O Espírito Santo era a prova de que o poder de Deus ainda estava agindo entre eles. O Dia de Pentecostes, com a vinda do Espírito, era um evento recente e poderoso que a audiência certamente conhecia. Pedro usa isso para mostrar que o mesmo poder que os capacitou a falar com ousadia estava disponível para todos que obedecem a Deus.
O apóstolo Paulo, descreve o Espírito Santo como a garantia de que as promessas de Deus serão cumpridas. O Espírito Santo não é apenas um poder para o presente, mas a certeza de que a salvação e a liberdade completa em Cristo são reais e eternas.
7. O PODER DA FÉ E DA ORAÇÃO DA IGREJA.
Atos 12.¹ E por aquele mesmo tempo o rei Herodes estendeu as mãos sobre alguns da igreja, para os maltratar; Atos 12.² E matou à espada Tiago, irmão de João. Atos 12.³ E, vendo que isso agradara aos judeus, continuou, mandando prender também a Pedro. E eram os dias dos ázimos. Atos 12.⁴ E, havendo-o prendido, o encerrou na prisão, entregando-o a quatro quaternos de soldados, para que o guardassem, querendo apresentá-lo ao povo depois da páscoa. Atos 12.⁵ Pedro, pois, era guardado na prisão; mas a igreja fazia contínua oração por ele a Deus.
Esse Herodes era Herodes Agripa I, neto de Herodes, o Grande, o mesmo que tentou matar Jesus ainda bebê. Diferente de seu avô, que buscava agradar Roma, Agripa procurava ganhar a simpatia dos judeus, embora fosse, ao mesmo tempo, dissoluto, cruel e inescrupuloso. Seu gesto de perseguir a igreja tinha, portanto, mais motivação política do que religiosa.
É impressionante observar como Deus, em Sua soberania, permitiu que Tiago, o filho de Zebedeu, fosse morto, enquanto Pedro foi poupado. Tiago havia sido preparado durante anos para o ministério e parecia, aos olhos humanos, ser indispensável à igreja nascente. Mas Deus o recolhe para Si, pois a obra não é sustentada por homens, mas pela vontade do Senhor. Como escreveu Paulo: “De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus que dá o crescimento” (1Co 3:7). Tiago cumpriu sua carreira; outras tarefas mais elevadas o aguardavam junto ao seu Senhor.
Pedro, por sua vez, foi encarcerado sob forte vigilância: dezesseis soldados, além dos guardas da prisão, vigiavam-no. Herodes queria eliminar qualquer possibilidade de fuga. Mas os recursos humanos são frágeis diante do poder de Deus. A igreja, indefesa em termos militares, possuía sua maior arma: a oração. Um grupo em oração é mais poderoso do que qualquer exército humano.
Contudo, é digno de nota que Deus muitas vezes retarda Sua resposta até os limites da nossa resistência. Pedro estava preso, aguardando julgamento e, possivelmente, execução. Mesmo assim, ele dormia profundamente — não por indiferença, mas porque tinha uma fé tranquila, capaz de confiar plenamente em Deus, seja para viver, seja para morrer (Fp 1:21). Esse descanso em meio ao perigo é o verdadeiro fruto da confiança em Cristo.
Quando o anjo do Senhor apareceu, Pedro foi despertado e recebeu uma ordem simples: “Levanta-te depressa” (At 12:7). Esse é o padrão da ação divina: Deus faz o impossível — quebrar as cadeias, abrir os portões de ferro, confundir os guardas —, mas exige de nós o possível: levantar, vestir-nos, andar. Nossa parte é obedecer; a dEle é remover os obstáculos. O mar Vermelho se abriu quando o povo marchou; os portões de ferro se abriram quando Pedro caminhou.
Outro detalhe precioso: o anjo guia Pedro enquanto ele está desorientado, mas desaparece tão logo Pedro recupera a consciência e pode caminhar por si mesmo. Assim também Deus nos guia sobrenaturalmente quando estamos incapazes de discernir, mas espera que usemos a sabedoria, a fé e as faculdades que Ele mesmo nos deu para prosseguir no caminho.
Aqui temos uma ilustração viva da dinâmica entre a ação divina e a responsabilidade humana. Quando confiamos, descansamos e obedecemos, as cadeias caem, os portões se abrem, e a igreja avança apesar da oposição.
Pastor Adilson Guilhermel