LIÇÃO 12 - O CARÁTER MISSIONÁRIO DA IGREJA EM JERUSALÉM

Texto Áureo: “E havia entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus.” (At 11.20).

Leitura Bíblica em Classe: Atos 11.19-30.

Introdução: A perseguição que começou com Estêvão levou muitos cristãos a sair de Jerusalém. O que parecia tragédia se transformou em bênção, porque, aonde chegavam, anunciavam a Cristo. Em Antioquia, alguns começaram a falar também aos gregos (gentios), e muitos creram. Barnabé foi enviado de Jerusalém para confirmar a obra, e em seguida buscou Saulo (Paulo) em Tarso para ajudá-lo. Essa união de dons e ministérios fez da igreja um centro de ensino e discipulado. Foi em Antioquia que, pela primeira vez, os discípulos foram chamados de cristãos. Profetas anunciaram uma grande fome, e a igreja de Antioquia não ficou indiferente. Reuniu ofertas e enviou ajuda aos irmãos da Judeia. Assim, desde o início, essa comunidade mostrou que entendia o evangelho de forma prática. Uma igreja missionária é também uma igreja que reparte e cuida dos necessitados. A igreja de Antioquia é descrita como um modelo de missão universal. Jerusalém foi o berço; Antioquia tornou-se a base de envio. Dali partiram as grandes viagens missionárias de Paulo e Barnabé, que levariam o evangelho a todo o império romano e além. A perseguição ou dificuldade não impede a missão; ao contrário, pode ser o motor da expansão do evangelho. Uma igreja saudável precisa de ensino sólido, liderança cooperativa e visão para além de si mesma. Missão e compaixão caminham juntas: pregar a Cristo e ajudar os necessitados são partes inseparáveis do evangelho.

 

1. O EVANGELHO SAI DOS MUROS DE JERUSALÉM E CHEGA AOS GREGOS.

Atos 11.19 — E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra senão somente aos judeus. Atos 11.20 — E havia entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus. Atos 11.21 — E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor.

A perseguição em Jerusalém após a morte de Estêvão forçou muitos cristãos judeus a fugirem e se espalharem por outras regiões, como a Síria. Essa dispersão, embora dolorosa, foi um meio usado por Deus para espalhar a semente do evangelho. Antioquia é apresentada como um importante centro comercial, a terceira maior cidade do Império Romano, e com uma grande população judaica. A princípio, os cristãos que chegaram lá pregavam apenas para os judeus. O texto destaca que, apesar de ser uma cidade "terrivelmente pecadora" e cheia de imoralidade, Deus a escolheu para ser o centro da próxima grande expansão missionária. Isso mostra que o plano de Deus pode florescer nos lugares mais improváveis. A importância de Antioquia é ressaltada, pois ela se tornaria a sede da igreja que iria financiar e apoiar o trabalho missionário de Paulo, um novo e crucial líder na expansão do cristianismo para os gentios. A perseguição, que parecia um obstáculo, se tornou um catalisador para a expansão do evangelho, e como a cidade de Antioquia foi divinamente escolhida para ser o berço do movimento missionário que levaria a fé cristã ao mundo gentílico. O texto ressalta que, embora outros já tivessem contato com não-judeus (como Filipe com os samaritanos e Pedro com Cornélio), foram os crentes de Chipre e Cirene que, em Antioquia, tiveram a coragem de pregar ativamente para os gentios (não-judeus). O sucesso dessa pregação é atribuído diretamente à "mão do Senhor", que estava com eles. Isso mostra que o crescimento da igreja não era apenas um esforço humano, mas uma ação divina. O texto enfatiza que o entusiasmo e a ousadia desses crentes anônimos transformaram Antioquia em um centro vibrante, onde a pregação aos gentios era a norma. Isso marcou um passo significativo no plano de Deus para levar a salvação a todas as nações. Em resumo, o texto mostra como um grupo de crentes comuns e desconhecidos, movidos pela graça de Deus, iniciou um movimento que mudou o rumo da história da igreja, tornando-a verdadeiramente universal.

2. BARNABÉ CHEIO DO ESPÍRITO SANTO: O EMISSÁRIO QUE CONSTROI PONTES.

Atos 11.22 — E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia, Atos 11.23 — o qual, quando chegou e viu a graça de Deus, se alegrou e exortou a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor. Atos 11.24 — Porque era homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor.

A história mostra que Barnabé não foi escolhido por sua eloquência ou por ser uma figura de autoridade, mas por seu caráter. O seu nome, "Filho da Consolação", não era apenas um apelido, mas uma descrição de sua personalidade. Em um contexto em que a igreja de Jerusalém ainda estava assimilando a ideia da conversão de gentios, era necessário enviar alguém que fosse um agente de união e não de divisão. Barnabé era um "homem de bem, cheio do Espírito Santo e de fé". Essas qualidades o capacitaram para: Ver a graça de Deus: Ao chegar a Antioquia, ele não viu uma comunidade estranha, mas a graça de Deus operando. Ele não buscou falhas ou diferenças, mas celebrou o que Deus estava fazendo. Sendo de Chipre, ele provavelmente entendia a cultura helenista, o que o tornou a ponte perfeita entre a igreja de Jerusalém (judaica) e a de Antioquia (gentílica). Fortalecer os crentes: Seu ministério não se limitou a verificar a situação. Ele os "exortou a que permanecessem no Senhor," mostrando uma preocupação genuína com a edificação e o discipulado, não apenas com o crescimento numérico. O sucesso de sua missão, que resultou na conversão de "muita gente", é uma prova de que a presença do Espírito Santo em um crente é o ingrediente mais importante para o sucesso de qualquer obra missionária. Barnabé é um modelo de como a bondade, a fé e a unção divina podem superar qualquer barreira para a glória de Deus.

3. BARNABÉ ENCONTRA SAULO: O NASCIMENTO DE UMA PARCERIA MISSIONÁRIA.

Atos 11.25 — E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o conduziu para Antioquia. Atos 11.26 — E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja e ensinaram muita gente. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos.

A atitude de Barnabé de buscar Saulo em Tarso demonstra seu caráter de encorajador. Ele viu o potencial no homem que tinha sido rejeitado em Jerusalém e o trouxe para um lugar onde seu talento e seu zelo seriam usados para a glória de Deus. A necessidade de trazer Saulo também revela o crescimento exponencial da igreja em Antioquia. A obra de Barnabé foi tão eficaz que ele não podia mais atender a todos sozinho, o que prova o sucesso do ministério evangelístico de Filipe e dos outros crentes dispersos. O foco no ensino sistemático é o ponto chave aqui. A igreja de Antioquia não era apenas um grupo de convertidos; era uma comunidade de discípulos que estava sendo solidamente alicerçada nos fundamentos da fé. Essa base sólida foi essencial para que ela se tornasse o grande centro missionário do mundo antigo. A origem do termo "cristãos" está de acordo com a visão da maioria dos estudiosos. É muito provável que o nome tenha sido dado a eles pelos habitantes não-crentes de Antioquia. O nome mostrava que os seguidores de Jesus eram vistos como um grupo distinto do judaísmo. Eles não eram apenas uma seita judaica, mas um movimento novo e separado. A terminação "-ão" (ou "ianos" no grego original) significa "pertencente a". Eles eram "os que pertenciam a Cristo". Isso foi a primeira vez que a identidade do grupo foi diretamente ligada ao seu Salvador, o Messias (Cristo). Antioquia, com sua mistura de culturas e sua abertura a novos pensamentos, foi o lugar perfeito para a Igreja ganhar uma nova identidade e se preparar para a sua missão de levar o Evangelho ao mundo inteiro.

4. PROFECIA E GENEROSIDADE: A AJUDA DE ANTIOQUIA A JERUSALÉM.

Atos 11.27 — Naqueles dias, desceram profetas de Jerusalém para Antioquia. Atos 11.28 — E, levantando-se um deles, por nome Ágabo, dava a entender, pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio César. Atos 11.29 — E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judeia. Atos 11.30 — O que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e de Saulo.

O dom da profecia não cessou com o Antigo Testamento. A igreja primitiva reconhecia os profetas como uma das principais funções ministeriais, logo abaixo dos apóstolos. A profecia não era apenas uma bola de cristal para prever o futuro, mas uma ferramenta vital para a edificação da comunidade de fé. O principal papel dos profetas era o de exortar, encorajar e fortalecer o povo de Deus. Eles traziam mensagens divinamente inspiradas que guiavam a igreja, corrigiam seu curso e a preparavam para os desafios que viriam. A profecia era uma manifestação direta do Espírito Santo, cumprindo a promessa de Joel citada por Pedro no Pentecostes. Isso demonstra a continuidade da ação de Deus na história de seu povo, não mais limitada a uma classe de sacerdotes ou a um lugar geográfico. O caso de Ágabo é o exemplo perfeito do que a profecia significava para a igreja. A sua previsão de uma grande fome não foi apenas um fato histórico interessante; ela teve uma função imediata e prática. Ela serviu como o catalisador para a igreja de Antioquia agir. Avisou a igreja: Deu-lhes tempo para se preparar para um desastre iminente. Incentivou a unidade: Motiva os crentes de Antioquia a ajudarem a igreja-mãe em Jerusalém. Isso é um poderoso testemunho da unidade da igreja, que transcende barreiras geográficas e culturais. Mostrou a praticidade da fé: A profecia não era apenas para o crescimento espiritual, mas também para a resposta prática às necessidades físicas do povo de Deus. A profecia de Ágabo, portanto, não apenas confirmou a existência de profetas no NT, mas também demonstrou como Deus usa dons espirituais para direcionar o seu povo, fortalecê-lo em tempos difíceis e promover a comunhão entre os irmãos. A atitude dos discípulos de Antioquia em ajudar a igreja de Jerusalém é uma das imagens mais belas de unidade na Bíblia. O fato de que uma igreja majoritariamente gentílica, que estava em crescimento e prosperidade, doou dinheiro para uma igreja-mãe judaica, que enfrentava dificuldades, é uma prova radical do poder do Evangelho. Não foi apenas um ato de caridade; foi uma manifestação de que a parede de inimizade que separava judeus e gentios havia sido totalmente destruída em Cristo. A generosidade de Antioquia também demonstra a maturidade da "igreja filha", que estava disposta a compartilhar seus recursos com aqueles que a ajudaram em seu início. O Papel dos Anciãos e a Reputação dos Líderes: esta é a primeira menção dos anciãos no Novo Testamento. A sua responsabilidade de administrar os recursos financeiros demonstra que a liderança na igreja primitiva não era apenas espiritual, mas também prática. Os anciãos eram os guardiões dos bens da congregação. A confiança depositada em Barnabé e Saulo para entregar o dinheiro é um poderoso testemunho de sua integridade. Em uma época sem bancos ou transferências digitais, a reputação de um mensageiro era tudo, e o fato de que eles foram encarregados dessa missão confirma a solidez de seu caráter espiritual. Finalizando esse texto temos uma imagem clara do que é uma igreja saudável e florescente: ela tem uma liderança espiritual e íntegra, um corpo de crentes generosos e uma união que transcende barreiras raciais e culturais. A igreja de Antioquia se tornou um modelo para todas as gerações futuras.

Pastor Adilson Guilhermel 

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