Texto Áureo: “Eu te louvarei, porque de um terrível e modo maravilhoso fui tão formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.” (Sl 139.14)
Leitura Bíblica em Classe: Salmos 139.1-4,13-18
Introdução: Deus conhece a nossa totalidade: Ele não se surpreende nem
com nossas maiores fraquezas nem com nossos picos de sucesso. Esse conhecimento
é um conforto, pois significa que Ele nos ama em todos os nossos estados. A
ideia de Deus nos cercando "por diante" (futuro) e "por
trás" (passado/retaguarda) significa que Ele está conosco em cada passo,
garantindo nossa segurança e nos conduzindo. A mão que defende e protege é um
símbolo de Sua autoridade e cuidado constante. Usando aqui a metáfora da
"joeira" (peneira), sugere que Deus está sempre trabalhando para
refinar nosso caráter, separando o que é precioso (o trigo) do que não é (a
palha). A impossibilidade de fugir d'Ele é, de fato, terrível para quem não
está em paz. Os "olhos de amor e fogo" são um lembrete de Sua
santidade e justiça. Para aqueles que O amam, essa mesma presença é o maior
conforto. Não há lugar onde possamos estar tão sozinhos ou tão distantes que
Ele não esteja conosco. A presença de Deus transforma a escuridão da tristeza
(a "noite") na certeza e clareza do "dia". A solidão é uma
ilusão quando se vive na realidade da onipresença divina.
1. Deus nos conhece completamente
— e ainda assim nos ama
139.1 - Senhor, tu me sondaste e
me conheces. 139.2 - Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe
entendes o meu pensamento 139.3 – Cercas o meu andar e o meu deitar; e conheces
todos os meus caminhos. 139.4 – Sem que haja uma palavra na minha língua, eis
que, ó Senhor, tudo conheces.
O Salmo 139:1-3
expressa o profundo reconhecimento do salmista, Davi, sobre a onisciência e a
íntima presença de Deus em sua vida. Ele louva a Deus pela força espiritual
recebida, pois sabe que Deus o conhece perfeitamente: seus pensamentos,
atitudes e caminhos. O salmista sente-se fortalecido e amparado por Deus, o que
o leva a render graças de todo o seu coração.
Nesses versículos, Davi
reconhece que Deus não apenas vê suas ações externas, mas também conhece seu
interior, seus pensamentos mais íntimos e até os momentos em que se assenta ou
se levanta. Isso revela uma relação pessoal e profunda com Deus, que cuida e
sustenta o salmista em todos os momentos, dando-lhe força para viver e superar
dificuldades. O louvor é uma resposta natural à experiência da força espiritual
recebida, fruto da proximidade e do cuidado divino.
Em resumo, Salmos
139:1-3 é um louvor por Deus ter concedido ao salmista força espiritual e um
conhecimento pleno da sua vida, levando-o a adorá-Lo sinceramente de todo o coração,
agradecendo pelo socorro divino e pelo amparo constante.
A igreja é lembrada que Deus conhece cada
coração, pensamento e atitude das pessoas, mesmo antes de se manifestarem. Isso
traz conforto, pois mesmo diante de nossas falhas, Deus nos ama e nos convida
para uma comunhão íntima com Ele. Essa verdade deve inspirar a igreja a
praticar a transparência e a honestidade diante de Deus, buscando pureza
interior. Salmo 139 mostra que Deus está presente em todos os momentos, sejam
eles de alegria ou dificuldade. Para a igreja, isso significa que nenhum
desafio está fora do alcance do cuidado divino. A igreja pode, assim, encorajar
seus membros a confiarem na constante presença de Deus, renovando a esperança e
a perseverança. Cada pessoa na igreja é uma obra especial e planejada por Deus
para um propósito específico. Isso valoriza a individualidade e chama a igreja
à missão de ajudar cada membro a identificar e viver seu chamado para
glorificar a Deus na vida pessoal e comunitária. Ao entender que nada está escondido
de Deus, a igreja é chamada a viver com integridade e entrega total, buscando
uma vida espiritual profunda. O salmo incentiva a oração constante para que
Deus guie e examine o coração, conduzindo a igreja no caminho eterno.
Reconhecer a onisciência e a presença de Deus também implica viver em amor e
cuidado fraterno, zelando pelos irmãos como Deus zela por cada um, fortalecendo
a unidade e acolhimento nas congregações.
2. O Deus Onisciente e
Onipresente: o Cuidado Divino em Cada Detalhe da Vida
139.13 Pois possuíste o meu
entreteceste-me interior; ventre de minha mãe. no 139.14 – Eu te louvarei,
porque de modo terrível e tão um maravilhoso fui formado; maravilhosas são as
tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. 139.15 Os meus ossos não te foram
encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como profundezas da
terra. nas 16 – Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro
todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas,
quando nem ainda uma delas havia.
Deus conhece cada
detalhe da nossa existência. O salmista declara que Deus está pessoalmente
envolvido em cada aspecto da vida humana. Nada é casual, nada é desperdiçado.
Desde o ventre, Deus vê, conhece e molda cada célula, cada traço, cada fibra do
nosso ser. A expressão “tu formaste o meu interior” indica um ato pessoal e
cuidadoso do Criador — não uma obra em massa, mas um trabalho artesanal. Cada
pessoa é única, preciosa e intencionalmente criada. A igreja deve lembrar isso
em tempos em que o valor humano é reduzido a números e desempenho. Mesmo com
todo o avanço científico, o ser humano não consegue compreender plenamente a
profundidade e a complexidade da criação.
A ciência descreve o como, mas apenas a fé revela o porquê. A verdadeira sabedoria
é se maravilhar diante do poder criador de Deus — o temor reverente que gera
adoração. O ventre materno é descrito como um lugar escuro e misterioso,
semelhante às “profundezas da terra”, onde o Criador trabalha silenciosamente.
Mesmo quando não vemos, Deus continua agindo. Nos períodos em que tudo parece
oculto, Ele está tecendo algo novo. O ser humano moderno muitas vezes luta com
a idéia de um Deus que sabe o futuro, sem, contudo, forçar nossas escolhas. Mas
para o salmista, isso não é um dilema — é um mistério de amor e sabedoria. Deus
conhece o fim desde o início, mas nos permite viver com liberdade e
responsabilidade. Sua presciência não é uma prisão, mas uma promessa de que Ele
jamais será surpreendido. Podemos descansar: o futuro que desconhecemos já está
nas mãos de um Deus que nos ama e guia. Nada — absolutamente nada — escapa ao
conhecimento e ao cuidado de Deus.
Ele vê o que ainda não existe, planeja o que ainda não se formou e guia pelos
caminhos que ainda não trilhamos. A fé cristã não é uma fuga da incerteza, mas
a confiança de que o Deus que conhece o futuro caminha conosco no presente. O
salmista reconhece que a vida é obra direta de Deus, desde o primeiro instante
da concepção.
Isso nos lembra que toda vida humana — do ventre ao fim da jornada — possui
valor e dignidade diante do Criador. A igreja deve defender e honrar a vida em
todas as suas formas: crianças, idosos, pessoas com deficiência, doentes,
marginalizados. Cuidar da vida é adorar o Criador. Cada pessoa foi criada com
intenção e propósito divino.
Deus não comete erros; Ele molda cada indivíduo com dons e particularidades
únicas. A igreja precisa ajudar as pessoas a descobrir e viver o propósito de
Deus, em vez de se compararem umas às outras. O discipulado deve ajudar cada
membro a florescer no chamado específico que recebeu. A igreja deve cultivar
uma fé que combina razão e reverência — uma fé que não tenta reduzir Deus à
lógica humana, mas se ajoelha diante da Sua majestade. A igreja deve aprender a
confiar no agir invisível do Senhor, em vez de medir tudo apenas por resultados
visíveis. A igreja deve ser uma comunidade de fé e esperança — não de medo.
Podemos planejar sonhar e agir com coragem, pois Deus já está no amanhã. Deus
reina soberano, mas nós somos chamados a viver com responsabilidade e fé ativa,
tomando decisões alinhadas à Sua vontade. A igreja precisa lembrar as pessoas
de que Deus é pessoal e próximo. Ele não é apenas o Criador distante, mas o Pai
que se envolve amorosamente na história de cada filho.
3. A igreja precisa redescobrir a
confiança na soberania
amorosa de Deus.
17 – E quão preciosos são para ό
Deus, OS teus mim, pensamentos! Quão grande é a soma deles! 18 – Se os
contasse, seriam em maior número do que a areia; quando acordo, ainda estou
contigo.
O salmista está
consciente de que a vontade de Deus permeia tudo — cada detalhe, cada
acontecimento, cada respiração. Essa não é uma providência impessoal, mas um
cuidado ativo e amoroso que se manifesta diariamente. Nada escapa ao Seu
controle — nem a história do mundo, nem as circunstâncias da nossa vida. A fé
cristã não é sorte, é dependência de uma providência viva. O salmista não
apenas reconhece o controle de Deus, mas confia no caráter desse controle. Tudo
o que Deus faz é bom, mesmo quando não entendemos. Seus pensamentos são
preciosos porque revelam intenções de amor, justiça e fidelidade. Em tempos de
incerteza, a igreja deve ensinar que a soberania de Deus não é tirana, é
paternal. O controle de Deus não oprime
— consola. Os planos de Deus são insondáveis — ultrapassam a compreensão
humana. Ele pensa em nós mais vezes do que poderíamos contar! A igreja deve se
lembrar de que não pode limitar Deus à sua própria lógica. A fé se nutre da
admiração, não apenas da explicação. O verdadeiro culto é fruto do espanto
diante da sabedoria divina. A igreja deve descansar nessa verdade: a presença
de Deus não cessa. Mesmo quando o crente “adormece” na morte, ele desperta
ainda com o Senhor (2 Co 5.8).
A providência divina é eterna. A igreja de hoje precisa relembrar o equilíbrio
entre graça e juízo. Deus é amor, mas também é santo. A fé madura se alegra com
o cuidado de Deus, mas também o reverencia por Sua retidão. A igreja deve
proclamar essa verdade completa: Deus governa todas as coisas com sabedoria e
justiça. Por isso, devemos confiar e também nos submeter à Sua vontade. A
igreja precisa ser um lugar de paz em meio ao caos, lembrando aos crentes que o
trono de Deus continua firme e Seu plano não falha. A igreja deve ensinar os
crentes a confiar no caráter de Deus, não apenas nas circunstâncias. A
providência divina nunca erra, mesmo quando parece incompreensível. A igreja
deve proclamar que ninguém é esquecido por Deus. Cada vida tem importância e
está debaixo do olhar amoroso do Criador. A igreja precisa cultivar uma
consciência constante da presença de Deus — não apenas no culto, mas em cada
momento da vida. Ele está conosco ao acordar, trabalhar, sofrer e descansar. A
igreja deve ser uma comunidade que transmite esperança, lembrando que o futuro
está seguro nas mãos de Deus. A igreja precisa ensinar a graça sem esquecer da
santidade. Deus é bom, mas também é justo — e isso deve nos levar à reverência
e ao arrependimento. A igreja deve ensinar que a verdadeira adoração nasce da
contemplação da soberania de Deus. Quanto mais entendemos quem Ele é, mais o
adoramos com humildade e fé. A igreja de hoje é chamada a viver sem medo do
futuro, pois o Deus que nos formou e conhece também dirige cada passo da nossa
história.
Th.M – Adilson Guilhermel