LIÇÃO 13 - A ASSEMBLÉIA DE JERUSALÉM
Texto Áureo: “Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias.” (At 15.28).
Leitura Bíblica em Classe: Atos 15.22-32.
Introdução: O Concílio de Jerusalém marcou um momento decisivo na vida da igreja primitiva. A carta enviada aos crentes gentios foi muito mais do que um documento administrativo; ela se tornou um marco do evangelho da graça. Os apóstolos e anciãos, guiados pelo Espírito Santo, afirmaram com clareza que a salvação não depende de ritos ou tradições humanas, como a circuncisão, mas da fé em Jesus Cristo. Essa decisão não só solucionou uma controvérsia imediata, mas também estabeleceu um princípio fundamental: a liberdade cristã em Cristo, sem o peso da lei mosaica como requisito de salvação. A escolha de Judas e Silas para levar a carta, junto com Paulo e Barnabé, mostra a preocupação da liderança em fortalecer a confiança da igreja. A presença desses homens confirmava que a decisão tinha autoridade e procedia de toda a comunidade apostólica. O resultado foi alegria, consolação e edificação dos crentes de Antioquia. Assim como a igreja primitiva buscou no Espírito Santo e na Palavra a direção para resolver conflitos, também hoje devemos fundamentar nossas decisões espirituais na Escritura, e não em tradições humanas ou opiniões pessoais. A carta trouxe paz e comunhão entre judeus e gentios. Do mesmo modo, a igreja atual deve aprender a lidar com diferenças culturais, étnicas e até de costumes, sem deixar que isso comprometa a essência do evangelho. O ensino central continua atual: a salvação não vem por obras, regras ou ritos, mas unicamente pela graça de Deus mediante a fé em Cristo (Ef 2.8-9 Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.⁹ Não vem das obras, para que ninguém se glorie;). Devemos vigiar para não cair em legalismo, acrescentando exigências que Deus não estabeleceu. A presença de Judas e Silas reforça que líderes comprometidos, maduros e cheios do Espírito são fundamentais para consolar, ensinar e edificar a igreja em tempos de crise. A carta trouxe alívio e alegria aos crentes. Hoje também precisamos de mensagens que apontem para Cristo, que fortaleçam a fé e tragam esperança, especialmente diante das incertezas e conflitos.
1. COM A UNIDADE NA DIVERSIDADE A IGREJA CAMINHA EM CONCORDÂNCIA.
Atos 15.22 — Então, pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos, com toda a igreja, eleger varões dentre eles e enviá-los com Paulo e Barnabé a Antioquia, a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas, varões distintos entre os irmãos. Atos 15.23 — E por intermédio deles escreveram o seguinte: Os apóstolos, e os anciãos, e os irmãos, aos irmãos dentre os gentios que estão em Antioquia, Síria e Cilícia, saúde. Atos 15.24 — Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras e transtornaram a vossa alma (não lhes tendo nós dado mandamento), Atos 15.25 — pareceu-nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns varões e enviá-los com os nossos amados Barnabé e Paulo, Atos 15.26 — homens que já expuseram a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Atos 15.27 — Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais de boca vos anunciarão também o mesmo.
Os apóstolos em Atos 15:22 não ocupavam um cargo formal na igreja, mas tinham uma posição e função baseadas em seus dons específicos, conforme (1 Coríntios 12:28 E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas). Os anciãos, por sua vez, eram responsáveis pela liderança e administração das igrejas locais. No concílio de Jerusalém, os apóstolos submeteram-se ao julgamento do ancião Tiago, meio irmão de Jesus. Foram designados delegados para acompanhar Paulo e Barnabé na comunicação da decisão do concílio à igreja em Antioquia da Síria e às igrejas próximas, representando tanto os crentes judeus (Judas) quanto os gentios (Silas). A presença conjunta desses delegados conferia maior credibilidade à decisão do concílio. Posteriormente, Silas acompanhou Paulo na segunda viagem missionária, substituindo Barnabé, que viajou com João Marcos. Pedro chamou Silas de co-autor da sua primeira carta (1 Pedro 5:12 Por Silvano, vosso fiel irmão, como cuido, escrevi brevemente, exortando e testificando que esta é a verdadeira graça de Deus, na qual estais firmes.), embora o momento exato em que Silas se uniu a Pedro não seja conhecido. A carta mencionada em (Atos 15:23 E por intermédio deles escreveram o seguinte: Os apóstolos, e os anciãos e os irmãos, aos irmãos dentre os gentios que estão em Antioquia, e Síria e Cilícia; saúde.) Aqui resume as conclusões do concílio de forma concisa e servia para autenticar o relato oral que Paulo, Barnabé, Judas e Silas levavam aos irmãos gentios em Antioquia, Síria e Cilícia.
Assim como os apóstolos tinham funções específicas baseadas em dons, a igreja hoje deve reconhecer e valorizar os diferentes dons espirituais e ministérios de seus membros, promovendo uma atuação diversificada e complementar para o fortalecimento do corpo de Cristo. A submissão dos apóstolos ao ancião Tiago exemplifica a importância de uma liderança responsável e colegiada, baseada no respeito e na cooperação mútua, além da humildade para submeter-se à autoridade quando necessário. Igrejas contemporâneas devem cultivar esse espírito de colaboração e responsabilidade compartilhada. A presença de delegados judeus e gentios representando a igreja reforça o princípio da inclusão e da unidade entre diferentes culturas e grupos dentro da comunidade cristã. Hoje, a igreja é chamada a promover a reconciliação e a comunhão entre diferentes povos, vivendo a unidade no Espírito. A carta resumindo as decisões do concílio demonstra a importância de comunicar claramente as decisões e a doutrina da igreja para evitar divisões e confusões. A igreja contemporânea deve prezar pela transparência, unidade doutrinária e comunicação eficaz com seus membros.
2. NAS DECISÕES GUIADAS PELO ESPÍRITO PROMOVE SANTIDADE E COMUNHÃO.
Atos 15.28 — Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Atos 15.29 — Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Bem vos vá.
A carta em Atos 15:28-29 demonstra a orientação divina na decisão tomada pelo concílio, reconhecida pelo Espírito Santo. Das quatro condições estabelecidas, duas tratavam de moralidade — evitar idolatria e imoralidade sexual — e duas sobre hábitos alimentares. Essas restrições alimentares tinham importância prática, pois a igreja primitiva realizava refeições comunitárias, chamadas “banquetes de amor”, onde judeus e gentios compartilhavam alimentos. Como os judeus observavam rigorosamente as leis dietéticas kosher (alimento permitido pela lei judaica), a convivência poderia gerar conflitos, especialmente se gentios comessem carnes não permitidas segundo a tradição judaica. O acordo, portanto, buscava prevenir esses conflitos: os judeus legalistas deixavam de exigir a circuncisão para a salvação dos gentios, enquanto os gentios aceitavam mudanças práticas em seus hábitos alimentares. Essas preocupações eram mais práticas do que teológicas, visando a harmonia na comunhão entre judeus e gentios nas primeiras comunidades cristãs. As quatro condições estabelecidas abrangem tanto questões morais, como evitar idolatria e imoralidade sexual, quanto alimentares, por causa das refeições comunitárias frequentes na igreja primitiva. Essas refeições, conhecidas como "banquetes de amor", reuniam judeus e gentios, e a observância das restrições alimentares evitava choques culturais, já que os judeus seguiam regras rigorosas sobre alimentos kosher. O acordo permitiu que os judeus legalistas parassem de exigir a circuncisão para a salvação dos gentios, enquanto os gentios adotavam práticas alimentares que não ofendessem os judeus. Assim, as decisões priorizavam a prática da comunhão e respeito mútuo, mais do que debates teológicos.
Assim como o concílio buscou e reconheceu a orientação do Espírito Santo para suas decisões, a igreja atual deve estar atenta à direção divina ao tomar decisões, valorizando a oração, a comunhão e o discernimento espiritual. O acordo sobre as restrições alimentares e questões morais mostra a necessidade de respeitar diferenças culturais dentro da igreja, promovendo a inclusão e a unidade sem imposição rígida de tradições, visando o bem comum e a comunhão. Os princípios morais estabelecidos (evitar idolatria e imoralidade sexual) permanecem universais e essenciais para a vida cristã, reforçando a importância da santidade pessoal e da integridade comunitária como testemunho diante do mundo. A adaptação das práticas alimentares demonstra que a igreja deve ser flexível em questões culturais e práticas secundárias, sem comprometer a fé, sempre buscando o amor e o respeito mútuo para evitar divisões desnecessárias. As refeições comunitárias e a preocupação com a convivência prática ressaltam que a igreja deve valorizar momentos de comunhão concreta, onde se manifestem a aceitação, o respeito e a unidade entre seus membros. Essas lições ajudam a construir uma igreja saudável, madura e unida, guiada pelo Espírito, que respeita as diferenças e vive a santidade no cotidiano.
3. A ESSÊNCIA DO EVANGELHO É O QUE REALMENTE IMPORTA.
Atos 15.30 — Tendo-se eles, então, despedido, partiram para Antioquia e, ajuntando a multidão, entregaram a carta. Atos 15.31 — E, quando a leram, alegraram-se pela exortação. Atos 15.32 — Depois, Judas e Silas, que também eram profetas, exortaram e confirmaram os irmãos com muitas palavras.
A principal função de Judas e Silas era exortar e confirmar a fé dos crentes. O termo exortar aqui significa encorajar, animar e instruir. Eles não apenas entregaram a carta, mas também investiram tempo com a comunidade, reforçando a mensagem de que a salvação é pela graça, não por rituais. Confirmar a fé significa fortalecer a crença dos fiéis, dissipando as dúvidas e os medos gerados pelos falsos mestres. A presença de representantes de Jerusalém deu peso e credibilidade à decisão do concílio, trazendo paz e segurança aos crentes.
A principal lição de Atos 15 é que o que realmente nos une é a graça de Deus e a salvação pela fé em Jesus, e não rituais ou tradições. A igreja primitiva enfrentou um grande desafio ao tentar misturar a cultura judaica com a fé cristã. A decisão do concílio nos lembra que devemos evitar adicionar "condições" ou "regras" humanas ao evangelho. A salvação é um presente gratuito de Deus. O Concílio de Jerusalém é um modelo de como a igreja pode resolver conflitos. Os líderes se reuniram, ouviram uns aos outros (tanto Paulo e Barnabé quanto os fariseus convertidos), e tomaram uma decisão em conjunto. O fato de terem enviado Judas (judeu) e Silas (grego) como representantes mostra o esforço consciente para construir pontes e garantir que a decisão fosse aceita por todos os lados. A igreja de hoje deve buscar a unidade por meio do diálogo, do respeito mútuo e da colaboração, em vez de permitir que as diferenças culturais ou de opinião causem divisões. O texto aponta que os apóstolos, mesmo com a autoridade que tinham, se submeteram ao julgamento e à liderança de Tiago, que era um ancião. Isso nos ensina que, independentemente da posição ou dom espiritual, a liderança na igreja deve ser marcada pela humildade. Os líderes devem estar dispostos a ouvir e a trabalhar em equipe, reconhecendo que a sabedoria e a autoridade vêm do Espírito Santo e são compartilhadas na comunidade de fé. A frase "pareceu bem ao Espírito Santo e a nós" (Atos 15.28) é um lembrete poderoso de que o Espírito Santo não é apenas uma força, mas uma pessoa que atua ativamente na vida e nas decisões da igreja. Para a igreja atual, isso significa que em meio a dilemas e desafios, devemos orar e buscar a orientação do Espírito Santo. Ele nos guia à verdade e à unidade. O texto menciona o desacordo entre Paulo e Barnabé sobre João Marcos. Embora seja desagradável, o conflito levou a que dois ministérios (o de Paulo com Silas e o de Barnabé com João Marcos) se expandissem e alcançassem novas áreas. Mais tarde, houve reconciliação. Isso nos mostra que Deus pode usar até mesmo nossos desentendimentos para cumprir Seus propósitos. A lição é que, mesmo após um conflito, devemos buscar a reconciliação e entender que Deus pode tirar algo bom de situações difíceis.
Th.M. Adilson Guilhermel